Olá, Leitores Magic!
Semana muito corrida, peço desculpe á demora de postagem no blog, mas o mês de agosto já começou e pensando nisso resolver selecionar alguns poemas de autores brasileiros, falando sobre o sentimento mais presente na nossa literatura!
Vamos apoiar mais a nossa belíssima Literatura Brasileira.






Soneto

Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto,
Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,
Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto,
No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranquilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.

Encontrei-te. Depois... depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?

Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,
Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira,
Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto?

Alphonsus de Guimaraens



Deixa que o olhar...

Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes, se mostrasse?

Basta de enganos! Mostra-me sem medo
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.

Olha: não posso mais! Ando tão cheio
Desse amor, que minh`alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo.

Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso.

Olavo Bilac




Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes




Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…

e um dia me acabarei.

Cecília Meireles






Amor

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua de estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas.
E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena.
E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida

Hilda Hilst




Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade




13 Comentários

  1. Oi Ana!
    Adorei o post. Gente, adoro os poemas do Bilac e do Drummond. São tão profundos e sentimentais. São os que mais gosto. Não tenho muitas obras físicas dos autores, mas pdfs, ahh, ta cheio. KKKKKK. Principalmente arquivos separados com poemas que eu gosto. Esse poema que você usou do Drummond, é um dos meus favoritos.

    Abraços
    David
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com.br/

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  2. Oiii Ana, como vai?
    Menina que surpresa maravilhosa é essa que recebi de ti <3 essas postagens mexem comigo de certa maneira, confesso que conhecia alguns e adoroo.
    Beijinhos

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  3. Olá, conhecia quase todos pois faço letras e já sabe né, o meu preferido com certeza é o drummond , tudo que ele escreve me agrada e me afeta de um jeito lindo <3 ótimo post, continue postando coisas assim para valorizar a nossa maravilhosa literatura.

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  4. Olá, tudo bem?
    EU AMEI O SEU POST!!
    Sério...cara até salvei aqui alguns poemas.
    Parabéns, espero ver mais posts assim. =D

    Abraços.


    Olá, tudo bem?
    Ai, ai... olha eu seguindo o rumo da falência hahahahaha.
    Já to colocando a serie das Irmãs aí (As Sete Irmãs) e Essa Luz Tão Brilhante Adorei as sinopses =D

    Abraços

    http://www.viciadosemleitura.blog.br/

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  5. Olá. tudo bem?

    Não leio poemas com frequência, por isso, sua postagem foi-me uma grata surpresa.
    Drummond é maravilhoso! E foi, dos apresentados, "Amar" do Drummond o que mais gostei.

    Beijo!

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  6. Olá,
    Gostei bastante do seu post, mas não sou muito fã de poesia.
    Gostei de conhecer um pouco mais sobre alguns autores nacionais.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  7. Olavo Bilac é um dos meus amores. Achei incrível esse copilado de autores que você fez. Grandes nomes da literatura.

    http://laoliphant.com.br/

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  8. Olá, tudo bem?
    Bacana demais o post, poesia é algo que nao vemos nos blogs literarios.
    Eu nao sei apreciar poesias, confesso! Não entendo muitos dos que leio e acabo nao gostando.
    Mas sempre é bom conhecer trabalhos de autores nacionais e fiquei feiz por conhecer varios aqui.
    Beijos!

    Livros e Sushi • Facebook InstagramTwitter

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  9. Oi, Ana, tudo bem?

    Impossível não conhecer esses autores, já que são grandes nomes da literatura e exemplos de poesia, porém, não é algo que me adrada muito, não sei porque... Li somente alguns livros de poema por conta da escola e o que eu mais gostei foi Drummmond. Mas gostei bastante do seu post.

    Abraços,
    http://claqueteliteraria.blogspot.com.br/

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  10. Olá,

    Que post lindo, gosto muito do Olavo Bilac e reunir um pouco de cada autor aqui, foi uma excelente ideia.

    Abraços
    Cá Entre Nós

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  11. Oie
    muito legal o post e a ideia do trocadilho no título haha eu não sou fã de poesia mas é algo que quero pegar o hábito de ler pois imagino que deve ser só amor

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  12. Oi. Adorei o post! Adoro poesias, apesar de não ler muito ultimamente. Tenho que voltar a ler algumas.

    Beijos

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  13. Oi,
    Quase não leio poemas e para mim, foi muito bom encontrar um post assim.
    Parabéns, a leitura foi agradável
    beijos

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